A vida do poeta tem um ritmo diferente(...)
Ele é o etemo errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso
pelos extremos intangíveis" (Vinícius de Moraes, do poema "O poeta")

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Novíssima poética


Nova poética (Manuel Bandeira)

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama: 
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.


Hoje não se revela mais nada: é tudo digital
Na foto, tudo é lindo
Está tudo arrumado
Não há mais negativo
Ficam todos positivos...
E a vida segue: uma topada ali
Uma nódoa de lama acolá

E  a vida segue,
mas ninguém vê a lama

ou finge que não vê
ninguém quer a lama
e finge o que não crê.

Mas se o poeta é um fingidor
Eu também vou entrar numa
De correr, moldar o corpo
Ser a bela do diário
Que perfuma o seu armário.  (Luciene Sant’Ana)

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