Tanta teoria
esquecida Tanta luta renhida Tanta voz perdida No inverso da lida
Tantos suspiros, chamadas Por Deus...vontade de sair, correr, chegar... ser o primeiro a medir para forças nos dar: sem armas, sem farda para na guerra fria(?) lutar.
Médico sem remédio, Sem (in)formação, sem letra ilegível Padre, delegado, alemão Marciano, ET, dirigível. (Luciene Sant’Ana)
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na
primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma
nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e
as amadas que envelheceram sem maldade.
Amor
Amor
Quando o mar
Quando o mar tem mais segredo
Não é quando ele se agita
Não é quando é tempestade
Nem é quando é ventania
Quando o amor tem mais segredo
É quando é calmaria
Quando o amor
Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Não é quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é sincero.
Chega um dia em que você não tem mais a quem pedir conselho
Se não a si mesmo
em que você não tem mais como pedir análise, opinião
se não a si mesmo
em que você já não tem mais "todo o tempo do mundo" para deixar a decisão pra amanhã
em que já se esgotaram as perguntas, os prazos, a tolerância dos atrasos
aquele momento em que nos vemos numa ponte entre o fio frágil e duro da vida e as consequencias tão mensuradas e que, por fim, não são, não dão em nada,
por quê, pra quê? Uma falta não é um pecado mortal
Dane-se tudo, etc e tal... eu não sou o "arquiduque",
apenas essa metida à besta "lenta vírgula rastejante"
que morre de dor de cabeça...
Os celulares, essas "células", também não tem que se recarregar?
aquela triste constatação de que ao pó voltaremos...
E parece que todos são mais fortes e superiores a você...
E entre essa certeza e a obrigação de viver,
você se machucou, se matou à toa...
se esqueceu de que é só uma pessoa...
Chega um tempo em que nem um poema te salva do afogamento
E o que se faz nesse momento?
O próximo retorno...talvez seja o caminho...
E o que dirá meu Deus, meu juiz?
(um dos piores poemas que já fiz) (Luciene Sant'Ana)
Amor é privilégio de maduros estendidos na mais estreita cama, que se torna a mais larga e mais relvosa, roçando, em cada poro, o céu do corpo. É isto, amor: o ganho não previsto, o prémio subterrâneo e coruscante, leitura de relâmpago cifrado, que, decifrado, nada mais existe. valendo a pena e o preço do terrestre, salvo o minuto de ouro no relógio minúsculo, vibrando no crepúsculo. Amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde. Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco
Difícil fotografar o silêncio. Entretanto tentei. Eu conto: Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,. Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina. O silêncio era um carregador? Estava carregando o bêbado. Fotografei esse carregador. Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra. Fotografei a existência dela. Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre. Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça. Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa Mais justa para cobrir sua noiva. A foto saiu legal. (Manoel de Barros)
Putz, não encontrei um poema meu pra isso; só Drummond pode me socorrer na delicadeza da situação...a vida é mesmo como a "Quadrilha" de Drummond: ingrata, fora do tempo e do espaço.
Lutar com palavras /é a luta mais vã./Entanto lutamos/mal rompe a manhã./São muitas, eu pouco./Algumas, tão fortes/como o javali. Não me julgo louco/Se o fosse, teria/poder de encantá-las./Mas lúcido e frio,/apareço e tento/apanhar algumas/para meu sustento num dia de vida.(...)/Palavra, palavra/(digo exasperado),/se me desafias,/aceito o combate.(...)/Cerradas as portas,/a luta prossegue
nas ruas do sono.(Drummond, do poema O LUTADOR)
Que honra! Quem me dera ser metade disso tudo mesmo...entendi a interpretação! Atendi ao desafio? Obrigada pelo carinho.
Ela não é igual a gata que eu vi na Lapa/Tão leve que aos olhos de
ninguém escapa/Sambando gostosa num samba tão bom/Nem é como a mina linda linda
que dá medo/De copo na mão na Mercearia São Pedro/De pé na calçada brilho de
neon/Ela não é como a moça que eu vi na Savassi/Que para o tempo mesmo que ele
passe/E arrasta os olhares por onde ela vai/Nem é a guria esperta que zanza no
bric
De Redenção casual mas tão chique/Cantando baixinho baby light my fire/Ela não
se parece com ninguém/Ah quero ela eu a quero bem
E sinto que ela me quer também/Ela é linda linda linda linda/Tanto tanto que eu
ainda/Como um São Tomé que já crê/Quero pagar pra ver/Ela não é como a menina
que vi no Jurerê/Curvas sinuosas e jeito blasé/Que até os ambulantes distraem o
olhar/Nem se parece com a loura morena de Aldeota/Iracema Barbie de jeans e de
bota/Os olhos vermelhos do azul do mar/Ela não é a bonita do Batel no Babilônia
Uma dose de vodca outra de insônia/Atriz misteriosa de um filme noir/Ela não é
a baiana bela do Beco do França/De papo cabeça cabelos e trança/Suingue fricote
axé saravá
E depois,
A luz se apagou
E eu não consigo mais ficar sozinho aqui
Sem você é tão ruim, não tem sentido, prazer
Não há nada
Por favor,
Não me interpreta mal
Eu não queria nem devia te magoar
O vento vem, o tempo vai
Passa por mim meio assim, meio assim devagarvou dormir sentindo
O que a solidão pode fazer
Há um ser ferido, por saber que o erro era meu (2x)
(só meu)
Já passou,
Agora já passou
Mas foi tão triste que eu não quero nem lembrar
Ver você, ter você
E querer mais de nós dois não tem nada demais
E pensar
Você aparecer
Pela janela tão bonita de manhã
Vem pra mim e não vai mais
Me abraça, me abraça, me abraça
Por tudo que for...
Ouh ouh ooouuuhhhh
"Tá sozinha, tá sem onda, tá com medo/Seus fantasmas, seu enredo, seu destino/Toda noite uma imagem diferente/Consciente, inconsciente, desatino/A maior expressão da angústia/Pode ser a depressão/Algo que você pressente/Indefinível /Mas não tente se matar/Pelo menos essa noite não." (Lobão)
Os
homens que são comuns querem pernas alegres
Mas
passeiam em escadas tristes de muletas
Já
vai para meia-noite no teu presídio
Todos
se recolhem e se preparam para
Morrerem
amanhã
Mas
pra mim a liberdade também não é um sonho fácil.
Ultimamente,
tenho visto o sol quadrado
Tenho
criado leis internas
Tenho
inventado outra moeda
Tenho
convivido com estranhos
Tenho
visto muros imensos e cadeados implacáveis
Tenho
chorado na noite
Tenho
colado fotos em paredes
Tenho
contado dias na folhinha
E
tenho me mostrado firme para os veteranos de plantão.
É
mais fácil amar em armário
Escrever
palavras vivas, imprecisas
Que
não chegam a ouvidos de ouvir
É
mais fácil polir
Esses
ecos superiores
paradoxalmente
projetados por pessoas não-amadas. (Luciene Sant'Ana)
Eu passei um tempo andando no escuro,/Procurando não achar as respostas,/Eu era a causa e a saída de tudo,/E eu cavei como um túnel meu caminho de volta./Me espera amor que estou chegando,/Depois do inverno a vida em cores,/Me espera amor nossa temporada das flores./Eu te trago um milhão de presentes,/Que eu achava que já tinha perdido,/Mas estavam na mesma gaveta,/Que o calor das pessoas e o amor pela vida...
"A ciência confirma os fatos/Que o coração descobriu/Nos seus braços/Sempre me esqueço De tempo, espaço e no fim.../Tudo é relativo/Quando te fazer feliz/Me faz feliz/Se a história for/Sempre assim/ Melhor pra mim..."
Aquele momento em que você pede a um aluno uma redação
dissertativa para melhorar a sua nota final do bimestre. Aí, me vem o cabra, e
copia um texto de qualquer livro ou da internet; e ainda pra ficar “mais convincente”, inicia com “era uma vez”...?
CONTE-ME COMO É SER UM
PALHAÇO QUE FALA GREGO PARA AS PAREDES
PARA PESSOAS QUE ACHAM QUE VOCÊ ACHOU SEU DIPLOMA NO LIXÃO DA AVENIDA
BRASIL...
P.S1 Faltou a ilustração! Eu não sei desenhar...
P.S 2. Desculpas aos “palhaços”; pois é um ofício mais do que
digno. É só uma infeliz força de expressão...! # metiraostubos#
Tantas decepções eu já vivi/Aquela foi de longe a mais cruel/Um silêncio
profundo e declarei:/Só não desonre o meu nome!/Você que nem me ouve até o fim/Injustamente
julga por prazer/Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome/Será que eu já posso enlouquecer?/Ou devo apenas
sorrir?/Não sei mais o que eu tenho que fazer/Pra você admitir/Que você me
adora/Que me acha foda/Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora/Que me acha foda/Não espere eu ir embora pra perceber/Perceba
que não tem como saber/São só os seus palpites na sua mão/Sou mais do que o seu
olho pode ver/Então não desonre o meu nome/Não importa se eu não sou o que você
quer/Não é minha culpa a sua projeção/Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome/Será que eu já posso enlouquecer?Ou devo apenas
sorrir?Não sei mais o que eu tenho que fazer/Pra você admitir/Que você me adora...
Eufemismos me venham
para dizer
que o Frejat está lindo
que a música diz tudo
tarde ou cedo
claro, no escuro
cadê a tomada que procuro? (Luciene Sant'Ana)
Depois de um dia como o de hoje...esse poema que é um dos meus preferidos! E essa interpretação...sensacional do Osmar Prado! Fernando Pessoa em novela da Globo...valeu, Glória!
Eu conheço tanta gente assim!
"A barata diz que tem sete saias de filó/ é mentira da barata ela tem é uma só/ ah ah ah/ oh oh oh/ ela tem é uma só..."
Nunca conheci quem tivesse levado porrada
todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.