A vida do poeta tem um ritmo diferente(...)
Ele é o etemo errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso
pelos extremos intangíveis" (Vinícius de Moraes, do poema "O poeta")

domingo, 14 de outubro de 2012

O continente perdido em seu conteúdo



Tanta teoria esquecida
Tanta luta renhida
Tanta voz perdida
No inverso da lida


Tantos suspiros, chamadas
Por Deus...vontade de sair, correr, chegar...
ser o primeiro a medir
para forças nos dar: 
sem armas, sem farda
para na guerra fria(?) lutar.

Médico sem remédio, 
Sem (in)formação, sem letra ilegível
Padre, delegado, alemão
Marciano, ET, dirigível. (Luciene Sant’Ana)

domingo, 23 de setembro de 2012

Jogo de damas e cartas marcadas


                              

Às vezes o casamento
Não está na mesma casa do seu momento...
Às vezes é só um lamento
Outras vezes é preguiça de voltar
Porque tudo o que foi deu trabalho
Tudo o que valeu,
foi penoso...
E aí  embaraçoso será
reverter a ordem do baralho. (Luciene Sant'Ana)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Novíssima poética


Nova poética (Manuel Bandeira)

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama: 
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.


Hoje não se revela mais nada: é tudo digital
Na foto, tudo é lindo
Está tudo arrumado
Não há mais negativo
Ficam todos positivos...
E a vida segue: uma topada ali
Uma nódoa de lama acolá

E  a vida segue,
mas ninguém vê a lama

ou finge que não vê
ninguém quer a lama
e finge o que não crê.

Mas se o poeta é um fingidor
Eu também vou entrar numa
De correr, moldar o corpo
Ser a bela do diário
Que perfuma o seu armário.  (Luciene Sant’Ana)

sábado, 11 de agosto de 2012

Esses signos linguísticos que nada significam

Piscina e Aquário
Que façanha estranha
Essa troca etimológica do imaginário

Piscina genuína é para peixe
Feito o homem, íntegra a gente
Mas no aquário, ao contrário
No pé presa, essa corrente.

Essas águas passadas
Que não movem moinho
Nem de março nem de agosto,
São pedras no caminho...
  
Não posso me afogar
Nem morrer pela boca
No aquário insensato
Ou na piscina oca.       (Luciene Sant’Ana)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nada que te comprometa

Nada que te compre ou meta
Numa enrascada
Nada que te compre a meta
De subir a escada
Antes que você cometa
A compra da enrascada
Da palavra descabida,
Delirante,
Concreta
Poesia comprada,
repetida, descabida
cumpre a meta 
predileta   (Luciene Sant'Ana)

Constatação




(ESSE É DO BAÚ...)


Todos os poemas estão cansados de minha vontade
de ser grande
e minhas palavras são tão baratas
que muitas vezes as assassino com pancadas de chinelos

Para morrer basta fechar os olhos
E refletir a tua matéria cósmica nalguma sombra

Vou entrar em igrejas como padres alegres
Como mães em formatura de filho
E como sangue quimicamente parecido com a água do mar.



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Modinha

Tuas palavras antigas
Deixei-as todas, deixeia-as,
Junto com as minhas cantigas,
Desenhadas nas areias.

Tantos sóis e tantas luas
Brilharam sobre essas linhas,
Das cantigas — que eram tuas —
Das palavras — que eram minhas!

O mar, de língua sonora,
Sabe o presente e o passado.
Canta o que é meu, vai-se embora:
Que o resto é pouco e apagado.

(Cecília Meireles)

domingo, 8 de julho de 2012

Mar e Amor (Cacaso - Antônio Carlos de Brito)




Amor Amor
Quando o mar
Quando o mar tem mais segredo
Não é quando ele se agita
Não é quando é tempestade
Nem é quando é ventania
Quando o amor tem mais segredo
É quando é calmaria
Quando o amor
Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Não é quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é sincero.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pegando o próximo retorno...

Chega um dia em que você não tem mais a quem pedir conselho
Se não a si mesmo
em que você não tem mais como pedir análise, opinião
se não a si mesmo
em que você já não tem mais "todo o tempo do mundo" para deixar a decisão pra  amanhã
em que já se esgotaram as perguntas, os prazos, a tolerância dos atrasos
aquele momento em que nos vemos numa ponte entre o fio frágil e duro da vida e as consequencias tão mensuradas e que, por fim, não são, não dão em nada,
por quê, pra quê? Uma falta não é um pecado mortal
Dane-se tudo, etc e tal... eu não sou  o "arquiduque",
apenas essa metida à besta "lenta vírgula rastejante"
que morre de dor de cabeça...
Os celulares,  essas "células", também não tem que se recarregar?
aquela triste constatação de que ao pó voltaremos...
E parece que todos são mais fortes e superiores a você...
E entre essa certeza e a obrigação de viver,
você se machucou, se  matou à toa...
se esqueceu de que é só uma pessoa...

Chega um tempo em que nem um poema te salva do afogamento
E o que se faz nesse momento?
O próximo retorno...talvez seja o caminho...
E o que dirá meu Deus, meu juiz?
(um dos piores poemas que já fiz)   (Luciene Sant'Ana)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Amor e seu tempo (Drummond)




Amor é privilégio de maduros estendidos na mais estreita cama, que se torna a mais larga e mais relvosa, roçando, em cada poro, o céu do corpo. 
É isto, amor: o ganho não previsto, o prémio subterrâneo e coruscante, leitura de relâmpago cifrado, que, decifrado, nada mais existe. 
valendo a pena e o preço do terrestre, salvo o minuto de ouro no relógio minúsculo, vibrando no crepúsculo. 
Amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde. 
Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco

domingo, 17 de junho de 2012

Sobrado

De  repente, eu sobrei 
É o fato. É o caso.
Eu sobrei desde aquele tempo
Do cansaço adiado
No equívoco do sentimento.

Eu sobrei não como parafuso ou comida
Não como o tempo que não temos de sobra
Num domingo de manhã
A segunda é fecunda
e guarda a linha tênue
Entre a vítima e a vilã
Eu tentei, entre as duas, o meio, mas não deu
Preparei o jornal: ninguém leu

Mas isso não é um fracasso!
Desde o começo, todo filme insinua
O seu surpreendente fim...
Mas o controle remoto caiu no chão
O filme passou, o chuvisco não veio

Quem hoje ainda chega perto da TV para desligá-la?
Quem me guardará do grito em vão dado na sala?

Nem Paris, nem Londres, nem Florença, nem Veneza
É preciso que primeiro eu, em mim, me reconheça
Não como aquela senhorita,
errante, no subúrbio,
ali reticente,
cosmopolita...

Hoje é tudo programado, on line , a distância
e para esse recomeçar nada como no sofá
dormir, sonhar com a infância...

Para esse recomeço do mesmo filme
Mudam-se os móveis, a casa, o cabelo
A posição de se  assistir como um crítico
Muda-se o zelo...
Porque segundo a igreja, a cabala, os raios que me partam, a psicossomática,  o Feng Shui
Tudo influi.         (Luciene Sant’Ana)



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Esse papo meu já tá de manhã...


Quando agora esse papo já tá qualquer coisa


De frente para o poço,
eis o empurrão:
uma canção 'luval" de Chico
do mundo que caiu e
parece que ninguém viu...

eu fico surpresa, eu fico...
como ainda
consigo dizer algo,
ainda que tosco,
nesse furico? (Luciene Sant'Ana)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Poema sem título (Manoel de Barros)

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal. (Manoel de Barros)

domingo, 10 de junho de 2012

Desamor

(os desamores: aos leões. às favas. até porque ninguém é obrigado a ninguém)

Se eu tivesse um violão e te tocasse
Todo som extraído seria uma forma mágica pra
você desaparecer

Assim: voluntariamente desmaterializado
ao te desfolhar inteiro, sem vestígios
contemplar o alívio do meu desprezo,
desse não-querer-saber-de-ti. Se morri?
É verdade, ou melhor, morreu a outra
Em mim mais tímida, mais pálida, mais líquida.

Essa morreu por água abaixo,
 a cada banho, a cada chuva

Vou convocar todos os cães
Para ladrarem em teu portão
E em te vendo, te mordendo
Pela paixão comprimida, pela ferida provocada
Por milhares de partículas, pelas migalhas negadas

Que teu corpo para mim
 já foi banquete negado
Agora leiloado a outra forma
 mais sublime e inconsistente de desamor.     (Luciene Sant'Ana)

sábado, 9 de junho de 2012

Nada no bolso ou nas mãos...eu vou. Por que não?

A gente nasce cheio de marra:

Chorando, amparado, gracinha na cara

Depois dorme e brinca, meu lindo bebê

Depois a gente cresce cheio de amarras:

Chorando, amparando a vergonha na cara

Depois acorda e trabalha, seu tosco idiota!

Você veio aqui , me responda pra quê?


Assim quem me dera ser “irracional”

Aí eu seria, de fato, sensacional...

Na medida, sensata, certeira, sagaz
afinal, como dizem "o menos é mais"

Um ser puro e doce

Sublime e mudo

Superior a tudo. (Luciene Sant'Ana)


(Meus dois bebês!)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Desafio cumprido na "Quadrilha" de Drummond

Putz, não encontrei um poema meu pra isso; só Drummond pode me socorrer na delicadeza da situação...a vida é mesmo como a "Quadrilha" de Drummond: ingrata, fora do tempo e do espaço.

Lutar com palavras /é a luta mais vã./Entanto lutamos/mal rompe a manhã./São muitas, eu pouco./Algumas, tão fortes/como o javali.
Não me julgo louco/Se o fosse, teria/poder de encantá-las./Mas lúcido e frio,/apareço e tento/apanhar algumas/para meu sustento 
num dia de vida.(...)/
Palavra, palavra/(digo exasperado),/se me desafias,/aceito o combate.(...)/Cerradas as portas,/a luta prossegue
nas ruas do sono.(Drummond, do poema  O LUTADOR)

 Que honra! Quem me dera ser metade disso tudo mesmo...entendi a interpretação! Atendi ao desafio? Obrigada pelo carinho.

Ela Não Se Parece Com Ninguém
                                          (Zeca Baleiro)
Ela não é igual a gata que eu vi na Lapa/Tão leve que aos olhos de ninguém escapa/Sambando gostosa num samba tão bom/Nem é como a mina linda linda que dá medo/De copo na mão na Mercearia São Pedro/De pé na calçada brilho de neon/Ela não é como a moça que eu vi na Savassi/Que para o tempo mesmo que ele passe/E arrasta os olhares por onde ela vai/Nem é a guria esperta que zanza no bric
De Redenção casual mas tão chique/Cantando baixinho baby light my fire/Ela não se parece com ninguém/Ah quero ela eu a quero bem
E sinto que ela me quer também/Ela é linda linda linda linda/Tanto tanto que eu ainda/Como um São Tomé que já crê/Quero pagar pra ver/Ela não é como a menina que vi no Jurerê/Curvas sinuosas e jeito blasé/Que até os ambulantes distraem o olhar/Nem se parece com a loura morena de Aldeota/Iracema Barbie de jeans e de bota/Os olhos vermelhos do azul do mar/Ela não é a bonita do Batel no Babilônia
Uma dose de vodca outra de insônia/Atriz misteriosa de um filme noir/Ela não é a baiana bela do Beco do França/De papo cabeça cabelos e trança/Suingue fricote axé saravá



Gostei dessa bobagem também! Aí Flavia! A formatação vc faz depois?


SEPARADOS POR UMA SUPER FASHION SOBRANCELHA E 23.765.458 CASOS RESOLVIDOS!














(Faltou a formatação decente que eu não sei fazer!) kkkkkkk

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Gostei desse troço! (Minhas criações!)







                                                  uma piada mal contada "do complexo de Jocasta?"






                                                                               CONCURSADA?





Com licença poética, Creepy Wonka!

Aí Ju, essa parceria é nossa!!!!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Por tudo que for (Lobão)




E depois,
A luz se apagou
E eu não consigo mais ficar sozinho aqui
Sem você é tão ruim, não tem sentido, prazer
Não há nada
Por favor,
Não me interpreta mal
Eu não queria nem devia te magoar
O vento vem, o tempo vai
Passa por mim meio assim, meio assim devagar
vou dormir sentindo
O que a solidão pode fazer
Há um ser ferido, por saber que o erro era meu (2x)
(só meu)
Já passou,
Agora já passou
Mas foi tão triste que eu não quero nem lembrar
Ver você, ter você
E querer mais de nós dois não tem nada demais
E pensar
Você aparecer
Pela janela tão bonita de manhã
Vem pra mim e não vai mais
Me abraça, me abraça, me abraça
Por tudo que for...
Ouh ouh ooouuuhhhh


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Avulsos

(Essa é do baú...eu devia ter uns quinze anos...)

                                                         Avulsos 


                        "Tá sozinha, tá sem onda, tá com medo/Seus fantasmas, seu enredo, seu destino/Toda noite uma imagem diferente/Consciente, inconsciente, desatino/A maior expressão da angústia/Pode ser a depressão/Algo que você pressente/Indefinível /Mas não tente se matar/Pelo menos essa noite não." (Lobão)


Os homens que são comuns querem pernas alegres
Mas passeiam em  escadas tristes de muletas

Já vai para meia-noite no teu presídio
Todos se recolhem e se preparam para
Morrerem amanhã

Mas pra mim a liberdade  também  não é um sonho fácil.
Ultimamente, tenho visto o sol quadrado
Tenho criado leis internas
Tenho inventado outra moeda
Tenho convivido com estranhos  
Tenho visto muros imensos e cadeados implacáveis
Tenho chorado na noite
Tenho colado fotos em paredes
Tenho contado dias na folhinha
E tenho me mostrado firme para os veteranos de plantão. 

É mais fácil amar em armário
Escrever palavras vivas, imprecisas
Que não chegam a ouvidos de ouvir

É mais fácil polir 
Esses ecos superiores
paradoxalmente projetados por pessoas não-amadas.  (Luciene Sant'Ana)


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Temporada das Flores (Leoni)



Eu passei um tempo andando no escuro,/Procurando não achar as respostas,/Eu era a causa e a saída de tudo,/E eu cavei como um túnel meu caminho de volta./Me espera amor que estou chegando,/Depois do inverno a vida em cores,/Me espera amor nossa temporada das flores./Eu te trago um milhão de presentes,/Que eu achava que já tinha perdido,/Mas estavam na mesma gaveta,/Que o calor das pessoas e o amor pela vida...




"Tudo é relativo"

Leoni, maravilhoso!

"A ciência confirma os fatos/Que o coração descobriu/Nos seus braços/Sempre me esqueço
De tempo, espaço e no fim.../Tudo é relativo/Quando te fazer feliz/Me faz feliz/Se a história for/Sempre assim/ Melhor pra mim..."






sexta-feira, 25 de maio de 2012

Precisando...

1. Pôr em prática  o lema de Benjamim Franklin Ramiz Galvão(o barão que dá nome à minha escola de origem):


"LABOR ET FIDES" (trabalho e fé);




2.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

#aosmestrescomcarinho#



o bom dos trinta,
dos estudos da língua
e da nossa maravilhosa profissão 
não é uma sensação qualquer:
É desespero, decepção, sobrevivência
aí depois, tira-se uma licença poética... pra
#poderporacerquilhaondeecomoquiser#

As linguagens, os códigos e as novas tecnologias...


Aquele momento em que você pede a um aluno uma redação dissertativa para melhorar a sua nota final do bimestre. Aí, me vem o cabra, e copia um texto de qualquer livro ou da internet; e ainda  pra ficar “mais convincente”,  inicia com “era uma vez”...?

CONTE-ME COMO É SER UM  PALHAÇO QUE FALA GREGO PARA AS PAREDES  PARA PESSOAS QUE ACHAM QUE VOCÊ ACHOU SEU DIPLOMA NO LIXÃO DA AVENIDA BRASIL...
P.S1 Faltou a ilustração! Eu não sei desenhar...
P.S 2. Desculpas aos “palhaços”; pois é um ofício mais do que digno. É só  uma infeliz força de expressão...!  # metiraostubos#

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Esse intertexto e essas rimas...que não me fogem


De vez em quando, revejo o Vando
Poxa, eu queria que ele me esperasse amanhã...
Num Globo de Ouro, recordando, vivendo
Quebrando com dentes, sem medo , descarada,
Espatifando  o doce da maçã...

É  porque agora está na moda,
ser "vintage", pós-moderno, simpatizante, retrô...
mesclar com a palavra “foda”
Pôr tudo no ventilador...
Denunciar, declarações no Fantástico
Caramba, até a Xuxa tem 
seu depoimento nada fodástico!

Talvez por isso, o nome,  o canal
Esse em que vivo, nem sei pra quê
É Clarice , eu também não queria muito,
essa psicografia pornográfica entender...

E  acabo  sem querer,  por  ligar  essa   tevê a cabo
O Otto me avisou e eu caí , porque não sou nordestino, nem
bem alimentado

Eu sempre caio, e  me vem esse nutriente,
Essa resistente, fidelíssima  rima
De quebrar dente, torpe, indecente
Que não me foge nem sai de cima

Renato, please, me explica
como eu faço pra rimar "romã"  com "travesseiro"
não apertei nem acendi...
falei com as paredes o dia inteiro.

Agora veja, minha cara Sandy,
Como o anonimato é sem graça:
Não ganharei nenhum tostão
Pra mostrar meu lado devassa! (Luciene Sant’Ana)


Me Adora (Pitty)
Tantas decepções eu já vivi/Aquela foi de longe a mais cruel/Um silêncio profundo e declarei:/Só não desonre o meu nome!/Você que nem me ouve até o fim/Injustamente julga por prazer/Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome/Será que eu já posso enlouquecer?/Ou devo apenas sorrir?/Não sei mais o que eu tenho que fazer/Pra você admitir/Que você me adora/Que me acha foda/Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora/Que me acha foda/Não espere eu ir embora pra perceber/Perceba que não tem como saber/São só os seus palpites na sua mão/Sou mais do que o seu olho pode ver/Então não desonre o meu nome/Não importa se eu não sou o que você quer/Não é minha culpa a sua projeção/Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome/Será que eu já posso enlouquecer?Ou devo apenas sorrir?Não sei mais o que eu tenho que fazer/Pra você admitir/Que você me adora...







domingo, 20 de maio de 2012

libertas quae sera

Como é bom
Mandar tudo às favas:
Aquele telefonema que você esperava
Aquele e-mail que você leria mil vezes
Aquela resposta de emprego
O descobrimento do segredo
Aquele comentário na sua publicação
Aquele desejo da carapuça servir ao outro e que, no fundo,  seria
em vão...

Tudo às favas: os invejosos, os “poderosos”
Os campeões, os julgadores, os vingadores
Os cretinos, os meninos, os não correspondidos amores
Os hipócritas, os  idiotas, os agiotas preconceituosos de plantão

Tudo  tudo às favas.  Aos leões com eles. Como é bom! (Luciene Sant'Ana)






sábado, 19 de maio de 2012

Por que que a gente é assim? (Barão Vermelho)

Eufemismos me venham
para dizer
que o Frejat está lindo
que a música diz tudo
tarde ou cedo
claro, no escuro
cadê a  tomada que procuro? (Luciene Sant'Ana)



Copiar calar salvar



Saudade do tempo em que
Descobria desenho em nuvens           
Quando crescemos, passamos a ver tudo nublado
E desaprendemos a desenhar...
Digo , por mim, nesse plural sem modéstia
Não colarei  palavras, cuidar é o que me resta

Eu, tão cheia das palavras, na reunião dos pais
Passado um  minuto,  de nada me lembro mais...

Mas o  pensamento tem que ser positivo
Diz a psicossomática...
“A palavra é prata”
“O silêncio é ouro”
Um dia, quem sabe,  encontro esse tesouro?

Pra sobreviver e achar a saída no labirinto da rima
Será que acho algum remédio em toda a medicina? (Luciene Sant'Ana)








quinta-feira, 17 de maio de 2012

Paradise (Coldplay)

"Santidade de escrever/, insanidade de escrever/Equivalem-se./ O sábio equilibra-se no caos." (Drummond)


Ainda chegarei lá...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Poema em linha reta (Fernando Pessoa)

Depois de um dia como o de hoje...esse poema que é um dos meus preferidos! E essa interpretação...sensacional do Osmar Prado! Fernando Pessoa em novela da Globo...valeu, Glória!
Eu conheço tanta gente assim!


"A barata diz que tem sete saias de filó/ é mentira da barata ela tem é uma só/ ah  ah ah/ oh oh oh/ ela tem é uma só..."


Nunca conheci quem tivesse levado porrada
todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.