(os desamores: aos leões. às favas. até porque ninguém é obrigado a ninguém)
Se eu tivesse um violão e te tocasse
Todo som extraído seria uma forma mágica pra
você desaparecer
Assim: voluntariamente desmaterializado
ao te desfolhar inteiro, sem vestígios
contemplar o alívio do meu desprezo,
desse não-querer-saber-de-ti. Se morri?
É verdade, ou melhor, morreu a outra
Em mim mais tímida, mais pálida, mais líquida.
Essa morreu por água abaixo,
a cada banho, a cada chuva
Vou convocar todos os cães
Para ladrarem em teu portão
E em te vendo, te mordendo
Pela paixão comprimida, pela ferida provocada
Por milhares de partículas, pelas migalhas negadas
Que teu corpo para mim
já foi banquete negado
Agora leiloado a outra forma
mais sublime e inconsistente de desamor. (Luciene Sant'Ana)
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"Pista vazia esperando aviões..."