A vida do poeta tem um ritmo diferente(...)
Ele é o etemo errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso
pelos extremos intangíveis" (Vinícius de Moraes, do poema "O poeta")

domingo, 10 de junho de 2012

Desamor

(os desamores: aos leões. às favas. até porque ninguém é obrigado a ninguém)

Se eu tivesse um violão e te tocasse
Todo som extraído seria uma forma mágica pra
você desaparecer

Assim: voluntariamente desmaterializado
ao te desfolhar inteiro, sem vestígios
contemplar o alívio do meu desprezo,
desse não-querer-saber-de-ti. Se morri?
É verdade, ou melhor, morreu a outra
Em mim mais tímida, mais pálida, mais líquida.

Essa morreu por água abaixo,
 a cada banho, a cada chuva

Vou convocar todos os cães
Para ladrarem em teu portão
E em te vendo, te mordendo
Pela paixão comprimida, pela ferida provocada
Por milhares de partículas, pelas migalhas negadas

Que teu corpo para mim
 já foi banquete negado
Agora leiloado a outra forma
 mais sublime e inconsistente de desamor.     (Luciene Sant'Ana)

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